sexta-feira, 22 de abril de 2011

É queridinha. Pequeninha. Educadinha.
Enfim, uma mulher boazinha. Fomos boazinhas por séculos.
Engolíamos tudo e fingíamos não ver nada, ceguinhas.
Passamos um tempão assim, comportadinhas, enquanto íamos alimentando um desejo incontrolável de virar a mesa. Quietinhas, mas inquietas.
Até que chegou o dia em que deixamos de ser as coitadinhas. Ninguém mais fala em namoradinhas do Brasil: somos atrizes, estrelas, profissionais.
Adolescentes não são mais brotinhos: são garotas da geração teen. Ser chamada de patricinha é ofensa mortal. Pitchulinha é coisa de retardada.
Quem gosta de diminutivos, defina. Ser boazinha não tem nada a ver com ser generosa. Ser boa é bom, ser boazinha é péssimo.
As boazinhas não têm defeitos.
Não têm atitude.
Conformam-se com a coadjuvância.
PH neutro.
Ser chamada de boazinha, mesmo com a melhor das intenções,
é o pior dos desaforos. Mulheres bacanas, complicadas, batalhadoras, persistentes, ciumentas, apressadas, é isso que somos hoje.
Merecemos adjetivos velozes, produtivos, enigmáticos.
As “inhas” não moram mais aqui.
Foram para o espaço, sozinhas.

Um comentário:

  1. Nossa, adorei!!! Ótimo texto, já to seguindo seu blog flor,se vc puder só tirar a verificação de palavras dos comentários vai ser bem melhor pq eu tive que digitar os codigos umas 5 vezes e quase deisti de comentar rsrs, bjus!
    rebeca-mello.blogspot.com

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